O setor de subprodutos em frigoríficos é altamente rentável em virtude do baixo custo de matéria-prima e da alta demanda. Por isso, em tempos como estes, de alta nas exportações de alimentos, especialmente da carne, a oferta teve um alto crescimento.
Os subprodutos mais comuns provindos dos animais abatidos são as penas, sangue e vísceras, entretanto, não são os únicos. Nos setores, conhecidos como subproduto e/ou graxarias, o processamento se dá por meio de equipamentos próprios, como, por exemplo, os digestores frigoríficos. E quem trabalha no segmento de frigoríficos com certeza já ouviu falar muito neles.
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O que é um digestor frigorífico?
O digestor é um equipamento muito parecido, fisicamente, com um boiler. Em sua maioria são horizontais e utilizados para o cozimento do subproduto animal. Assim, o objetivo é transformá-lo em matéria-prima para ração animal, como agente proteico do alimento.
Esses digestores de penas e vísceras trabalham com pressão operacional relativamente baixa, devido à temperatura do produto não necessitar de uma elevação com variável alta. Dessa maneira, normalmente, antes da graxaria (conjunto de digestores e equipamentos para trabalhar com subproduto animal como banha, por exemplo) instala-se uma estação redutora de pressão, diminuindo a pressão do vapor que entra nos equipamentos.
Normas para tratamento do subproduto
Cada vez mais exige-se um rigoroso controle de qualidade para o tratamento do subproduto. Dessa maneira, garanta-se uma qualidade melhor para matéria-prima e, consequentemente, para alimentação animal. Portanto, além do controle de minerais, proteínas, gorduras, também leva-se em conta o nível de PH do subproduto e a taxa microbiológica.
Então, abaixo separamos um breve trecho da Instrução Normativa 15, mais conhecida como IN 15 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, de 29/10/2003.
“Os resíduos de animais devem ser processados sob os seguintes requisitos:”
a) após o recebimento, os resíduos de animais devem ter o tamanho das partículas de modo a não exceder 5 cm.
b) o tratamento térmico, visando à esterilização, deverá obedecer as seguintes condições:
I – vapor saturado direto;
II – temperatura não inferior a 133 oC;
III – tempo mínimo de 20 minutos;
IV – pressão de 3 barg, na massa do produto em processamento.
c) a esterilização poderá ser efetuada antes ou depois da fase de cocção para todo o material produzido (farinha e gorduras).
d) os resíduos de animais poderão ser processados em digestores de batelada ou contínuos, com pressões de vapor na camisa, eixos e pás de equipamento entre 3 a 10 bar.
I – no caso de penas, a pressão de trabalho deve ser aplicada na massa dos resíduos de animais de modo a efetuar a hidrólise das proteínas.
II – nos processamentos de resíduos com a finalidade de extração de gorduras, a etapa de esterilização na massa poderá ser efetuada posteriormente à sua extração e sob pressão de 3 bar.
e) quando for utilizado vapor saturado diretamente sobre os resíduos de animais em processamento sob pressão, a água deve ser potável.
f) o tempo e a temperatura de cocção podem variar em função da natureza e das quantidades das matérias primas e serem processadas.
E o que isso significa no tratamento de subprodutos em frigoríficos?
Destacamos o subparágrafo “e”, onde sinaliza a qualidade da água utilizada, que deve ser potável. Isso porque apenas o vapor por si só não garante o nível sanitário adequado, mesmo estando na pressão e temperatura especificadas. Assim, além da água ser potável, outros problemas da injeção de vapor direto em alimentos devem ser destacados. De maneira simples: por mais que a água seja potável, normalmente conduz-se o vapor por meio de tubulações e válvulas de aço carbono que, naturalmente, apresentam oxidação. Dessa maneira, nesse vapor ocorrerá, sem dúvida, o arraste de carepas de solda e sujidades soltas no sistema.
Equipamentos para uso em digestores
A injeção de vapor em um digestor ocorre em dois pontos: na camisa e no eixo do equipamento. Então, confira abaixo mais detalhes desse processo.
Purgador para digestor
Purgadores para uso em digestores devem ser do modelo mecânico de boia. Assim, o purgador do eixo é um purgador de menor capacidade de drenagem, em contra partida, o purgador para dreno da camisa deve ser um de alta capacidade.
Qual a bitola de purgador adequado para cada tamanho de digestor?
- – 3.000 litros – Purgador de 1” alta vazão camisa e purgador de ¾” baixa vazão no eixo.
- – 5.000 litros – Purgador de 1.1/2” alta vazão camisa e purgador de 1” baixa vazão eixo.
- – 7.000 litros – Purgador de 1.1/2” alta vazão camisa e purgador de 1” baixa vazão eixo.
- – 10.000 litros – Purgador de 1.1/2” alta vazão camisa e purgador de 1.1/2” baixa/média vazão eixo.
- – 14.500 litros – Purgador de 2” alta vazão camisa e purgador de 1.1/2” baixa/média vazão eixo.
Válvula de segurança para digestor
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Todo digestor deve possuir uma válvula de segurança similar às utilizadas em caldeiras. Assim, por se tratar de um vaso de pressão, essa válvula deve ser fabricada, calibrada e certificada de acordo com os padrões da norma NR-13 para vasos de pressão e caldeira.
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Erros comuns na instalação de vapor em digestores:
1 – Uso de purgador termodinâmico
Não pode-se usar o purgador termodinâmico neste tipo de equipamento, pois seu funcionamento é intermitente e não contínuo. Dessa maneira, reduzindo a qualidade do produto final e aumentando o tempo de processo, consequentemente, gastará uma maior quantidade de energia sem aumentar a produção.
2 – Válvula de segurança bronze
As válvulas de segurança em bronze são válvulas de alívio. Assim, não sendo normatizadas para o uso nesse tipo de equipamento e nem mesmo em linhas e processos diversos de vapor. Essa válvula não oferece segurança nenhuma ao processo e, se houver certificação, a empresa responsável certamente não trata o assunto segurança com a devida atenção.
3 – Controle inconstante de temperatura
O controle de temperatura por meio de válvulas manuais traz inconstância ao processo. Portanto, o ideal é controlar a temperatura antes, pelo controle de pressão, reduzindo a pressão ao nível que ela fique mais próxima a temperatura do processo. Além disso, após, é necessário utilizar uma válvula de controle modulante com posicionador eletro pneumático, operando continuamente na alimentação dos equipamentos.
Quanto vapor consome um digestor de vísceras e penas?
O consumo de vapor nesse tipo de equipamento varia bastante, de acordo com o fabricante e a construção do mesmo, por isso, segue abaixo o consumo médio:
- – 3.000 litros – 600 quilos de vapor por hora
- – 5.000 litros – 900 quilos de vapor por hora
- – 7.000 litros – 1.200 quilos de vapor por hora
- – 10.000 litros – 1.800 quilos de vapor por hora
- – 14.500 litros – 2.450 quilos de vapor por hora
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Manutenção em digestores de vísceras
Antes de realizar a manutenção do equipamento, existem diversos pontos que deve-se avaliar dentro do processo e que, certamente, refletirão no aumento de produção e na melhor qualidade do produto final. Por isso, destacamos alguns:
- – Correto dimensionamento e funcionamento das válvulas de alimentação de vapor, tanto a redutora de pressão quanto a proporcional ou on/off de alimentação.
- – Correto dimensionamento e funcionamento dos purgadores de vapor do eixo e da camisa, utilizando, dessa maneira, purgadores mecânicos de boia e mantendo a manutenção preventiva dos mesmos de maneira constante.
- – Qualificação do vapor de alimentação dos equipamentos por meio do uso de separadores de umidade ou bota de drenagem.
Em industrias frigoríficas o subproduto é, naturalmente, produzido em grandes quantidades e o valor agregado de um produto com alta qualidade pode ser por vezes maior do que o do produto principal. Sendo assim, a atenção com as graxarias, digestores, peletizadoras e equipamentos é crucial para um processo sem dores de cabeça e com alta rentabilidade.
Tudo sobre processos frigoríficos de aves
No vídeo da série “Tudo sobre” trouxemos mais um pouco de conteúdo sobre refrigeração industrial, mas agora com o foco em processos frigoríficos de aves. Aperta o play e aproveita!
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