Uma parte considerável da população brasileira consome carne diariamente ou, pelo menos, não adota uma dieta vegetariana. Mas para que o brasileiro tenha esse alimento à mesa, o produto passa por diversos processos, principalmente, nos frigoríficos. Para oferecer uma carne de qualidade ao consumidor, os frigoríficos necessitam estar de acordo com a NR 36, responsável por reger as atividades em instalações frigoríficas no país.
Essa norma traz diversas diretrizes nas quais os estabelecimentos precisam se encaixar, priorizando a higiene e a segurança. E, além de cumprir o que a NR estabelece, os frigoríficos precisam atender também ao que o mercado exige. Os parâmetros de qualidade, de tecnologia, de nutrição, a ausência de resíduos químicos ou físicos, além da bioética e preservação ambiental, também se tornaram tão relevantes quanto o produto em si.
Portanto, para atender tudo isso algumas condutas são essenciais, tanto no transporte dos animais quanto na produção. Alguns exemplos são:
- conduzir os bovinos em pequenos grupos, de forma calma, evitando a utilização do bastão elétrico ou quaisquer objetos que possam causar ferimentos;
- evitar a mistura de animais desconhecidos durante o transporte e período de descanso, além de promover o conforto térmico, reduzindo o estresse pelo frio ou pelo calor.
- uso de EPI’s por parte dos funcionários;
- higienização dos equipamentos e do espaço num geral.
Sistema de amônia segundo a NR 36
Além de medidas de segurança acerca dos equipamentos e funcionários, ela também regulamenta questões referente aos agentes químicos utilizados na adequação de frigoríficos, por meio da sessão 9.
Entre os agentes químico mais comuns, há a amônia, refrigerante natural conhecido com maior representatividade e aplicações em refrigeração industrial. É indiscutível a eficiência da amônia em processos com baixas temperaturas, sobretudo, no congelamento. Além de comum, esse procedimento é necessário para o abate e processamento de carne.
Um sistema de geração, controle e segurança de refrigeração por amônia deve conter um sistema secundário de monitoramento, alarme e controle de vazamentos de amônia. Assim, você pode ler o que a NR 36 institui.
“36.9.3 Agentes químicos
36.9.3.1 A empresa deve adotar medidas de prevenção coletivas e individuais quando da utilização de produtos químicos.
36.9.3.2 As medidas de prevenção coletivas a serem adotadas quando da utilização de amônia devem envolver, no mínimo:
a) manutenção das concentrações ambientais aos níveis mais baixos possíveis e sempre abaixo do nível de ação (NR 09), por meio de ventilação adequada;
b) implantação de mecanismos para a detecção precoce de vazamentos nos pontos críticos, acoplados a sistema de alarme;
c) instalação de painel de controle do sistema de refrigeração;
d) instalação de chuveiros de segurança e lava-olhos;
e) manutenção de saídas de emergência desobstruídas e adequadamente sinalizadas;
f) manutenção de sistemas apropriados de prevenção e combate a incêndios, em perfeito estado de funcionamento;
g) instalação de chuveiros ou sprinklers acima dos grandes vasos de amônia, para mantê-los resfriados em caso de fogo, de acordo com a análise de risco;
h) manutenção das instalações elétricas à prova de explosão, próximas aos tanques;
i) sinalização e identificação dos componentes, inclusive as tubulações;
j) permanência apenas das pessoas autorizadas para realizar atividades de inspeção, manutenção ou operação de equipamentos na sala de máquinas.
36.9.3.2.1 Em caso de vazamento de amônia, o painel de controle do sistema de refrigeração deve:
a) acionar automaticamente o sistema de alarme;
b) acionar o sistema de controle e eliminação da amônia.
36.9.3.3 O empregador deve elaborar Plano de Resposta a Emergências que contemple ações específicas a serem adotadas na ocorrência de vazamentos de amônia.
36.9.3.3.1 O Plano de Resposta a Emergências deve conter, no mínimo:
a) nome e função do responsável técnico pela elaboração e revisão do plano;
b) nome e função do responsável pelo gerenciamento e execução do plano;
c) designação dos integrantes da equipe de emergência, responsáveis pela execução de cada ação;
d) estabelecimento dos possíveis cenários de emergências, com base na análise de riscos;
e) descrição das medidas necessárias para resposta a cada cenário contemplado;
f) descrição dos procedimentos de resposta à emergência, incluindo medidas de evacuação das áreas, remoção das fontes de ignição, quando necessário, formas de redução da concentração de amônia e procedimentos de contenção de vazamento;
g) descrição das medidas de proteção coletiva e individual;
h) indicação dos EPI adequados ao risco;
i) registro dos exercícios simulados realizados com periodicidade mínima anual envolvendo todos os empregados da área.
36.9.3.4 Sempre que ocorrer acidente que implique vazamento de amônia nos ambientes de trabalho, deve ser efetuada a medição da concentração do produto no ambiente para que seja autorizado o retorno dos trabalhadores às suas atividades.
36.9.3.4.1 Deve ser realizada avaliação das causas e consequências do acidente, com registro das ocorrências, postos e locais afetados, identificação dos trabalhadores expostos, resultados das avaliações clínicas e medidas de prevenção a serem adotadas.”
Sistema de detecção de amônia
Um sistema de detecção de amônia eficiente deve, em primeiro lugar, utilizar detectores específicos. Muitos equipamentos de baixo custo fazem a leitura de amônia, ao mesmo tempo que fazem a leitura de outros gases, como, por exemplo, o gás da combustão proveniente de empilhadeiras – máquina muito comum em áreas de packing de plantas frigorificas. Contudo, em casos como esse, o detector poderá dar alarmes falsos, tirando completamente a confiabilidade do sistema e o sentido da instalação.
Dessa maneira, deve-se instalar os detectores de amônia com sensores eletroquímicos especificamente fabricados para leitura de amônia e não de outros gases. A instalação deles deve ser conforme o fluxo de ar do ambiente. Sendo assim, a instalação dos mesmos deve-se fazer no local para onde há fluxo de ar, fazendo com que a amônia direcione-se para os sensores de acordo com o vazamento e fluxo de ar presente no local.
Os níveis de alarme em sistemas de detecção de amônia devem possuir configurações personalizadas de acordo com cada planta e cada sistema. Entretanto, de maneira geral, os alarmes devem ser visuais e sonoros. Com a fácil identificação e treinamento do corpo de funcionários e pessoas presentes na planta, a chance de acidentes com consequências graves é bem menor, portanto.
Itens adicionais
A automação completa do sistema de amônia é fundamental para a qualidade do sistema. De acordo com a NR 36 é necessário ter o acionamento automático de um sistema de ventilação para ambientes fechados, como sala de máquinas e corredores com quadros de válvulas. Esses locais são muito comuns em plantas com diversas câmaras frias de conservação de alimentos e derivados. Dessa forma, o sistema de ventilação deve-se acionar automaticamente e possuir níveis de ventilação ideais, conforme a quantidade de partículas de amônia presentes naquele.
O nível de ventilação, ou seja, de troca de ar em determinado ambiente, deve variar. É necessário que seja um quando a presença de amônia for de 100 ppm (partes por milhão) e outro (superior) quando a presença de amônia for de 1000 ppm, por exemplo. Dessa maneira, o sistema de ventilação funciona em paralelo e não de maneira independente ao sistema de detecção.
Além disso, outro ponto importante é o bloqueio automático de rede feito com válvulas solenoide para amônia. Supondo que o vazamento seja em determinado equipamento do sistema, deve-se ter a possibilidade de bloqueio daquele ramal ou daquela tubulação de maneira rápida, efetiva e remota.
Acima dos reservatórios de amônia, a instalação de sistemas de dispersão de água, também conhecidos como sprinklers, é necessária de acordo com a norma. Por isso, o acionamento também deve ser de maneira automatizada, através do uso de sensores e válvulas solenoide.
Gerenciamento de riscos em frigoríficos – NR 36
A seguir, destacamos um trecho da NR 36 que menciona a questão segurança dentro da instalação, tanto das pessoas como patrimonial.
“36.11 Gerenciamento dos riscos
36.11.1 O empregador deve colocar em prática uma abordagem planejada, estruturada e global da prevenção, por meio do gerenciamento dos fatores de risco em Segurança e Saúde no Trabalho – SST, utilizando-se de todos os meios técnicos, organizacionais e administrativos para assegurar o bem-estar dos trabalhadores e garantir que os ambientes e condições de trabalho sejam seguros e saudáveis.”
Válvulas de segurança para amônia
Os equipamentos mecânicos de segurança instalados em plantas frigorificas são de fundamental importância. Portanto, o primeiro deles a se observar, tanto sua presença quanto construção e calibração, é a válvula de segurança para amônia.
O sistema de válvula de segurança para amônia é composto por três itens: uma válvula de bloqueio com duas saídas e bloqueio independente de ambas e duas válvulas de segurança. Assim, por meio do bloqueio da válvula de serviço, as de segurança podem ser removidas para calibração, manutenção ou substituição de maneira segura, rápida e eficiente.
A importância da aquisição de equipamentos de qualidade e certificação se mostra evidente nesse tipo de planta industrial. Isso porque um vazamento de amônia na válvula de serviço, além de prejuízo financeiro pela dispersão do gás, pode causar um grave acidente operacional, chegando até mesmo a óbito se for em ambiente fechado e sem ventilação.
Manovacuômetro e manômetros para amônia
A medição de pressão em vasos de amônia e em quadros de válvulas deve ocorrer de maneira visual e constante. Dessa forma, independentemente dos equipamentos digitais, o uso de manovacuômetro é de suma importância. Mas o que são esses aparelhos? Eles são medidores de pressão para amônia que partem de escala de pressão negativa e que permitem a visualização analógica e acompanhamento do trabalho. Além disso, auxiliam no ajuste das válvulas de expansão de amônia, adequando a temperatura à pressão de evaporação.
A importância das válvulas de agulha para amônia na instalação dos manômetros é tão importante quanto nas válvulas de segurança. Isso porque, no caso desse serviço, precisamos ter a segurança de poder fazer o bloqueio da rede no momento de serviço ou mesmo de substituição da peça.
Temperatura em frigoríficos e sistemas de refrigeração – NR 36
Abaixo separamos mais um trecho da NR 36.
“Anexo 1
24. Resfriamento: processo de refrigeração e manutenção da temperatura entre 0ºC (zero grau centígrado) e 4ºC (quatro graus centígrados positivos) dos produtos (carcaças, cortes ou recortes, miúdos e/ou derivados), com tolerância de 1ºC (um grau centígrado) medidos no interior dos mesmos.”
Aqui é ressaltada a importância da manutenção de temperatura. Quando consideramos variação máxima admitida de 1°C precisamos ter um controle extremamente preciso da temperatura, portanto. E ele só é possível através do projeto, dimensionamento, instalação e operação de válvulas, sensores e controladores.
Para que seja possível uma baixa variação de temperatura é necessário que o sistema de refrigeração funcione de maneira constante e não intermitente. Mas o que isso quer dizer? O sistema não deve ser “liga e desliga”, mas, sim, variar a potência de geração conforme a demanda do momento. Por exemplo, quando se abastece uma câmara fria por completo e este produto precisa ser congelado em determinado período, a câmara estará com sua capacidade frigorifica máxima, porém, depois do congelamento, a baixa temperatura deve apenas ser mantida. Nesse caso, o equipamento trabalhará em um menor regime de refrigeração. Dessa maneira, a troca calórica entre o ar gelado e o alimento será menor.
Equipamentos úteis
Para ter esse controle fino é possível utilizar válvulas motorizadas para amônia na alimentação de líquido, promovendo uma alimentação contínua de acordo com a demanda. Além disso, recomenda-se o uso de inversores de frequência que farão com que os ventiladores instalados nos evaporadores funcionem de acordo com o contexto da instalação naquele momento.
Por isso, com o aumento da demanda por segurança e eficiência térmica, a tecnologia, se bem projetada e implementada, pode ser uma grande aliada dos frigoríficos. Sistemas de segurança em plantas de amônia, como sistemas detectores específicos para o fluido, por exemplo, são cada vez mais comuns e a fiscalização, também, é feita de acordo com a NR 36.
Como se adequar à NR 36 com a ajuda da Vaportec
As inspeções do Ministério do Trabalho acontecem regularmente e podem, muitas vezes, nos pegar de surpresa. Foi o que aconteceu com uma empresa de embutidos, em Encantado – RS, em dezembro de 2017. Ela recebeu em sua planta de refrigeração por amônia a visita dos técnicos do trabalho e precisou da ajuda da Vaportec para se adequar ao solicitado.
Embora não oferecesse grandes riscos aos seus funcionários, alguns ajustes precisavam ser realizados. Em especial na sala de máquinas e nos reservatórios. Essas adequações necessitavam serem feitas rapidamente, pois não estavam de acordo com a NR 36 e com a segurança operacional. Mas então, o que fazer? A fábrica corria o risco de parar seu funcionamento caso não se adequasse. Isso comprometeria toda a operação, justamente em um mês importante para esse setor. Entretanto, eles não possuíam as peças necessárias e nem como realizar a especificação de modo correto. Porém, a Vaportec tinha uma solução.
Solucionando o problema
O setor de compras da empresa entrou em contato conosco e nos explicou a situação. Prontamente nos disponibilizamos a ajudá-los a resolvê-la. O cliente precisou fazer um pedido de diversas válvulas de segurança (SFA), válvulas de dreno (QDV) e válvulas manifold para válvula de segurança (DSV) para adequação em grande escala da planta. Exatamente por possuirmos um estoque preparado, conseguimos atender o cliente com todos os produtos a pronta entrega.
Além disso, prestamos todo o atendimento necessário para especificação e adequação dentro da NR e toda a certificação necessário dos produtos. Conseguimos prestar esse serviço por contarmos com um setor de engenharia que possui conhecimento e capacidade de implementação de todas as normas regulamentadoras em vigor. Resultado: a empresa conseguiu adequar-se rapidamente e, sobretudo, sem prejuízos à sua produção.
A Vaportec é distribuidora autorizada Danfoss e possui toda a tecnologia da marca voltada para a garantia e proteção do seu projeto. Além disso, contamos atualmente com um setor de engenharia que possui conhecimento e capacidade de implementação de todas as normas regulamentadoras em vigor, incluindo a NR 36. Entender cada projeto e principalmente pensar na segurança deles é um elemento essencial e que garante transparência e confiança com os clientes.